A Faixa Azul é um projeto da prefeitura de São Paulo que cria uma pista exclusiva para motos em avenidas movimentadas da cidade.
Iniciada em 2022, teve rápida expansão para se tornar uma bandeira eleitoral e deve chegar a 200 quilômetros no fim do ano. O head de Mobilidade Segura do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, Pedro Borges, foi um dos especialistas que falou ao Globo na última quarta-feira (19), sobre os resultados apresentados.
Segundo levantamento feito do Globo baseado em dados do Infosiga SP (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), a nova faixa ainda não diminuiu o número de acidentes em quase nenhuma das oito vias analisadas — a exceção é a avenida Faria Lima.
Até o momento, existem 122 quilômetros da faixa exclusiva, em vias como a Faria Lima, 23 de Maio e Sumaré. Em maio, a prefeitura anunciou um total de quatro mortes de motociclistas em vias com a Faixa Azul desde o início da implementação do programa. O número, no entanto, chega a sete, segundo dados encontrados pela reportagem e depois confirmados ao GLOBO pela gestão Nunes.
Além disso, o número de sinistros envolvendo motocicletas e outros tipos de veículos em seis vias com Faixa Azul segue praticamente estável nos períodos de seis meses a um ano antes e depois da implementação da iniciativa (veja no gráfico). A reportagem analisou apenas as avenidas que completaram ao menos seis meses com a ferramenta e onde a iniciativa está presente em boa parte de ao menos um dos sentidos da avenida. Quando a análise foi feita, em maio, eram 17 vias na cidade com a faixa exclusiva.
“Ainda é muito cedo para dizer se a Faixa Azul teve resultados positivos ou negativos”, disse Pedro Borges, head de Mobilidade Segura do OBSERVATÓRIO. Ele apontou que a iniciativa é uma tentativa importante para a segurança dos motociclistas, mas cobra dados mais transparentes.
“Quando pensamos no diagnóstico de uma intervenção dessa magnitude, precisamos entender também o que acontece em vias que não estão com a Faixa Azul e comparar com as que têm. Não podemos usar ela como uma bala de prata, tudo o que se sabe é muito preliminar”, afirmou Borges.