Triumph Bonnevile T100: a atual e a pioneira, de 1959, à dir |
Cresce aposta em modelos com visual clássico, de até R$ 60 mil.
Publicado no Portal G1 em 23/07/2014.
O fenômeno “retrô” que ronda o mundo da motocicleta há tempos está mais forte no mercado internacional. Agora, praticamente todas as marcas têm modelos do tipo. Uma das mais recentes representantes é a BMW R Nine T, moto para poucos e abonadíssimos – custa R$ 61.500. Porém, no segmento há modelos mais acessíveis, como a Triumph Bonneville T100, à venda no Brasil por menos de R$ 30 mil.
estilo, que vêm aos poucos para o país, foca apenas no essencial: guidão, tanque, banco, motor bem exposto e um par de rodas. Nada de carenagens, nada de formas rebuscadas. É a moto em seu conceito original, que remete a modelos que, no século passado, disseminaram o gosto pelo veículo de duas rodas.
Elas, no entanto, também entregam aos fãs do estilo o melhor da tecnologia. No caso da BMW R Nine T, até o nome evoca o passado. “Nine T” (pronuncia-se “naineti”, como “ninety” ou 90, em inglês) alude aos 90 anos de lançamento da primeira motocicleta da BMW, a R 32.
Mas ela não é uma réplica da máquina pioneira da marca, e sim uma moto de visual minimalista, com o melhor da tecnologia alemã em termos de freios, suspensões e motorização. A graça dela é justamente o design pouco ou nada revelar sobre isso.
Também a inglesa Triumph Bonneville T100 segue a onda “flashback”, escancarando isso em seu nome, que homenageia conquistas dos modelos da marca nos anos 1960, na longa planície do Bonneville Salt Flats, o leito seco do lago salgado no estado norte-americano de Utah. Todos os anos, o local é palco de tentativas de quebra de recordes de velocidade máxima de carros e motos.
Na aparência, a T100 pouco se diferencia das Triumph do final dos anos 1950, porém, no lugar do problemático par de carburadores Amal, há agora um avançado sistema de alimentação por injeção eletrônica e, em vez do limitado sistema de freios a tambor, freios a disco. Além disso, substituindo o precário sistema elétrico Lucas (à época jocosamente apelidado de “príncipe das trevas”), há um luminoso farol e um aparato de partida elétrica à prova de falha. Ou seja, é uma moto com cara de antiga, mas com funcionamento impecável.
Outra marca que se rende a essa tendência é a italiana Ducati, que nos últimos dias mostrou a um seleto grupo de jornalistas, do qual o G1 fez parte, a reedição de sua clássica Scrambler, modelo que fez muito sucesso no final dos anos 1960. Devidamente revisitado, ele seguirá a mais alta tecnologia da marca e será um dos protagonistas dos Salões de final de ano, em Colônia, na Alemanha, e em Milão, na Itália, as “passarelas” por onde desfilarão as novidades da alta moda motociclística para a temporada de 2015.
Outra moto que é um bom exemplo do crescente gosto por visuais de outros tempos é a Honda CB 1100, uma feliz interpretação atual das primeiras Honda de alta cilindrada, notadamente a CB 750 Four de 1969, modelo responsável pelo “golpe de misericórdia” que determinou a troca da liderança europeia pela japonesa na indústria motociclística. Se hoje o mundo da moto tem como líderes as marcas da terra do sol nascente, muito se deve à tecnologia da Four, que assombrou o mundo há 45 anos no Salão de Tóquio.
A Honda CB 1100 é exatamente o que a atual Triumph Boneville, a BMW R NineT ou a vindoura Ducati Scrambler são: motos com estilo clássico, mas com performance global que nada deve a modelos mais modernos e de design contemporâneo.
Também a Yamaha tem em seu catálogo exemplos de forte característica “vintage”. O destaque vai para a família SR, surgida no fim dos anos 1970. A mais recente desta estirpe, a SR 400, mescla a simplicidade clássica dos motores monocilíndricos a elementos de design dos modelos pioneiros da Yamaha, como a XS-1 650 de 1968.
Os formatos do tanque e do banco, entre outros detalhes da SR 400, evocam modelos do passado, mas com parte mecânica atual e, é claro, atendendo às exigentes normas relacionadas a emissões de poluentes. Por ser uma 400cc, esta Yamaha tem uma vantagem sobre as outras motos anteriormente citadas: o precinho camarada, pouco mais de 6 mil euros na Europa (cerca de R$ 18 mil).