Texto: Fenabrave.
O fortalecimento da demanda no Nordeste está por trás da retomada na indústria de motocicletas, que conseguiu recuperar no primeiro semestre os patamares de vendas e atividade registrados antes da crise financeira.
Em dois meses deste ano – janeiro e março -, os emplacamentos de motos na região chegaram a superar os do Sudeste. A participação do Nordeste no mercado nacional de motos, que era de 23,6% há nove anos, chegou a 34,1% no mês passado.
Quando se considera todo o semestre, o consumo nordestino praticamente se equiparou ao mercado do Sudeste, onde está a maior frota desse veículo no país.
Para a Abraciclo, que representa os fabricantes de motos, a melhora de poder aquisitivo dos nordestinos – resultante de políticas de transferência de renda, inflação controlada e redução do desemprego – mais o acesso ao crédito pela população de baixa renda ajudam a explicar o movimento.
“O Bolsa Família tem um impacto enorme no Nordeste”, diz Roberto Akiyama, presidente da Abraciclo, ao comentar os efeitos do programa do governo federal sobre o segmento de duas rodas.
O mercado nordestino já abriga 551 concessionárias de motos, o que, na análise por região, corresponde à segunda maior rede de distribuição do país, ainda muito atrás, contudo, do Sudeste, onde 897 revendas estão instaladas.
De janeiro a junho, a produção chegou a 1,08 milhão de unidades, perto do recorde de 1,11 milhão de motos registrada no primeiro semestre de 2008 – período anterior à quebra do Lehman Brothers.
Na comparação com a primeira metade do ano passado, a produção das fábricas de motos cresceu 24,6%. Só em junho foram produzidas 163,17 mil motocicletas, 14,5% a mais do que o mesmo período de 2010. Em relação a maio, contudo, houve queda de 19,9%, desempenho atribuído à paralisação da linha de produção de algumas montadoras em decorrência de manutenção ou férias coletivas.
Dados da Abraciclo mostram que as vendas no atacado – da montadora para concessionária – cresceram 18% no primeiro semestre, chegando a 1,03 milhão de unidades. Esse volume está muito próximo do recorde apurado no primeiro semestre de 2008, quando 1,04 milhão de motos foram negociadas.